"O relacionamento de casal se desenvolve através do soltar, de soltar sonhos. A felicidade almejada não tem o mesmo valor. O primeiro sonho que deve ser deixado é o seguinte: agora encontrei o que me faltou quando criança. É o sonho da criança que, finalmente, encontrou a mãe, que preenche tudo. Isso é válido tanto para os homens quanto para as mulheres.
O apaixonar-se começa quando a criança no homem ou na mulher imagina no parceiro a mãe ideal. Por isso também é cego pois, no apaixonar-se, o outro não é visto como a pessoa que ele ou ela é. Depois é que se aprende lentamente a ver o outro como ele é e a amá-lo como ele é. Isto é, de um lado, um processo de morte.
O relacionamento de casal é sempre um exercício para a morte, para o soltar. É, na verdade, a experiência mais intensa da unidade, mas permanece sempre incompleta, porque atrás disso espera outra unidade, uma maior, para a qual nós nos desenvolvemos. Eu a denomino algumas vezes de origem. É a base da qual a vida emerge. Homens e mulheres emergem juntos daí, mas de um modo diverso, mergulham de novo para ele e lá se tornam um. O relacionamento se desenvolve para uma unidade maior, e isto é tanto um processo doloroso quanto de realização.
As crises que acontecem nos relacionamentos a dois são parte desse processo de morrer. Mas a morte é um processo de vida, pode-se ver assim. Algumas vezes é assim: se morre cedo ou se solta muito cedo. Isso tira a plenitude desse processo. Portanto, tudo a seu tempo."